Provérbios 30:14
Há uma geração cujos dentes são como espadas, e os seus dentes da mandíbula como facas, para devorarem os pobres da terra, e os necessitados dentre os homens.
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Agur ensinou a sabedoria inspirada para a sua vida através de conjuntos de quatro coisas (Pv 30:11-31). Temos aqui quatro tipos de homens, identificados por seus pecados individuais. Algumas pessoas adoram tirar vantagem sobre os outros e oprimi-los, especialmente aqueles que são relativamente fracos e incapazes de ajudar a si mesmos. Essas pessoas violentas não tem compaixão ou piedade comum, e sem misericórdia usam os outros da maneira que quiserem para o próprio prazer ou lucro.
A palavra “geração” usada aqui para descrever o tipo de homem, um tipo de pessoa, ou um tipo específico de individuo. Não é uma profecia a respeito de todas as pessoas nascidas em algum tempo no futuro, quando homens seriam arrogantes e orgulhosos, pois tais pecadores existiram em todas as épocas. Não é uma referência aos homens perversos que viviam à época de Jesus Cristo, pois tal aplicação seria única no livro de Provérbios e sem sabedoria prática para a vida.
As quatro gerações poderiam ter alguma ligação com os quatro tipos temperamentais – sanguíneo, colérico, melancólico e apático – pois cada temperamento tem tendências instintivas. Mas a sabedoria ensinada aqui é mais do que disposição temperamental: as quatro lições são pecados específicos e seus deveres relacionados. Ao invés de designarmos temperamento para cada geração, aprenda a identificar o pecado e a sabedoria correspondente a cada geração.
A quarta geração, ou o tipo de pessoa perversa, é opressiva e cruel em palavras e ações, especialmente no que diz respeito aos indefesos, pobres e fracos. Esse bruto intimidante e ameaçador não têm piedade ou consideração para com aqueles necessitados ou em dificuldades. Ele ou ela é egoísta, sem misericórdia e violenta. Não têm compaixão comum para aqueles que estão sob sua direção ou próximos deles, e geralmente atingem posições de poder por corrupção ou destruindo qualquer um que estivesse atrapalhando o seu caminho.
Considere os dois primeiros irmãos, Caim e Abel. Como pôde Caim matar o seu irmão por ele ter feito o que era certo? Especialmente depois que Deus o avisou e lhe disse quão facilmente ele também poderia ser aceito? De que maneira pôde Caim esconder despreocupadamente o assassinato, mesmo quando o próprio Deus perguntou por Abel? Porque ele era filho do diabo (I Jo 3:12), e você demonstra o mesmo espírito satânico de assassino quando você está irado sem uma causa justa (Mt 5:21-26).
É fácil direcionar o provérbio a monstros da história humana como Joseph Stalin, Adolfo Hitler, Mao Tse-Tung, Idi Amim, Pol Pot, Harold Shipman, Luis Garavito e outros. Mas Salomão dirigiu a sua sabedoria para o lar, onde tratamentos agressivos e violentos dados aos pobres e necessitados são caracterizados, desde o aborto à opressão de empregados, à defraudação do cônjuge ao esmagamento do espírito de crianças à criação excessiva de impostos sobre o pobre ao pagamento menor ou à cobrança maior do que seria justo, apontam para a insensibilidade em ignorar aqueles que são necessitados.
Davi encarou homens assim durante a sua vida, Saul, Doegue, Absalão e outros. Até mesmo o seu sobrinho Joabe teve um cruel espírito de vingança, bem diferente de Davi, que lhe causou grande tristeza em várias ocasiões. Ele escreveu a respeito da sua situação desagradável com tais homens nas seguintes palavras: “A minha alma está entre leões, e eu estou entre aqueles que estão abrasados, filhos dos homens, cujos dentes são lanças e flechas, e cuja língua é espada afiada.” (Sl 57:4).
Jesus Cristo, o Filho de Davi, teve que suportar tratamento cruel e odioso pelos líderes judeus durante a Sua vida, e terminaram por impor a Sua crucificação, apesar Dele não ter feito nada para causar danos a eles ou à nação deles. Até mesmo no grupo de apóstolos havia um ladrão sem coração, que roubou dos pobres e traiu o seu Senhor, mestre e amigo por uma miséria de trinta moedas de prata. Juntos eles atendiam à descrição deste provérbio melhor do que qualquer outra pessoa.
Homens piedosos são homens misericordiosos (Mt 5:7). Na realidade eles amam a misericórdia (Mq 6:8). Em outra passagem Salomão ensinou que os homens justos são misericordiosos até para com os animais, mas os homens deste provérbio são cruéis mesmo quando demonstram misericórdia (Pv 12:10). A pura religião de Jesus Cristo é de bondosamente considerar o pobre e visitar os órfãos e as viúvas em suas aflições (Gl 2:10; Tg 1:27). Ao invés de implicarem com os menos afortunados, eles os levantam!
É dever de todos os pais ensinarem seus filhos a serem misericordiosos, para que, ao crescerem não se tornem os tiranos egoístas condenados neste provérbio. Como é em casa que elas se revelam, é um ótimo lugar para ensinar e exigir compaixão e misericórdia em todas as suas ações. A rivalidade de irmãos, pais opressivos, respostas irreverentes, e outros problemas semelhantes de relacionamento precisa ser corrigido antes que o monstro é criado por disfunção nos lares, permitindo crueldade de uma forma ou de outra.
Contrastando com estes homens perversos, você pode lançar todos os seus cuidados sobre o Deus celestial, pois Ele cuida daqueles que põe Nele a sua confiança (IPe 5:7). Mesmo que o seu pai ou a sua mãe o abandonem, o que é contrário à natureza, então o Senhor o recolherá (Sl 27:10).