Provérbios 27:17
O ferro afia o ferro; assim também, um homem afia o semblante de seu amigo.
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É preciso ferro para amolar ferro. Uma faca não é amolada por pano, pão, madeira, plástico, nem mesmo por cobre. Uma faca pode cortar e dar forma a estes materiais para se tornarem mais úteis, mas eles só vão poder tornar a faca menos afiada. Amolar uma faca exige ferro que seja, no mínimo, tão duro quanto o da faca. Amolada, uma faca é brilhante, afiada e preparada ela pode render muito mais serviços produtivos.
O substantivo “rosto” pode representar a face e a aparência de uma pessoa (Pv 25:23; ISm 16:7,12; Dn 1:13-15; Mt 6:16); pode também significar a expressão de sentimento para com uma outra pessoa (Pv 16:15; Gn 31:2; Sl 4:6; 44:3; At 2:28); e pode significar o espírito, atitude, comportamento ou a conduta de um homem (Pv 15:3; Dt 28:50; Sl 10:4; Ec 7:3; Dn 5:6,9).
O nosso provérbio trata do espírito, atitude, comportamento e a conduta de um homem. Se limitarmos a nossa palavra para melhorar a aparência facial de um homem, zombamos da sabedoria de Salomão. Uma lima de afiar não faz com que ela somente melhora a aparência da faca; ela a torna mais útil! Se limitarmos a palavra para demonstrar sentimentos, isto faria pouco sentido, pois amigos já expressam aprovação um pelo outro.
O Pregador promovia as boas amizades – elas o tornam melhor (Pv 27:9). Um bom amigo vai torná-lo mais animado, esperta e mais útil. Mas não é qualquer amigo que faz isto. Somente amigos sábios o torna mais sábio (Pv 13:20), por isso os melhores homens adoram outros homens de bem (Tt 1:8). Homens fracos e insensatos cegarão e corromperão a sua vida (Pv 13:20; ICo 15:33). Se um homem for suficientemente bom ao ponto de ser um amigo do seu pai, seria sabedoria sua mantê-lo como seu amigo, também (Pv 27:10).
Dois é melhor do que um, porque eles amolam e aperfeiçoam um ao outro de várias maneiras (Ec 4:9-12). Eles podem compartilhar os sucessos dos seus trabalhos, ajudar um ao outro se levantar quando caem, podem complementar suas habilidades, e se defenderem contra inimigos comuns. Que grande bênção!
“Lobos solitários” nunca se desenvolvem, pois não podem crescer (uma faca não pode amolar a si mesmo). Elas se tornam cegas e enferrujadas de ignorância, hábitos pobres, e espíritos deprimidos. Solitários sempre são os membros mais fracos de qualquer grupo, pois continuam a enferrujar e deteriorar sem o aço de afiar de nobres amigos. A sabedoria do nosso provérbio não pode ser subvertida.
Deixe-os passar mais tempo com piedosos irmãos, e serão ‘amolados’ de forma a se tornarem homens úteis; mas hábitos preguiçosos de autoindulgência são difíceis de serem quebrados. Egoísmo, preguiça e orgulho impedem um homem de procurar amizades: ele é feliz se ‘enferrujando’ na solidão. Tolices, ignorância e maus hábitos impedem um homem de fazer amizades, pois ele o afasta de si.
O treino atlético bem sucedido exige competições com aqueles que são melhores do que você, do contrário as suas habilidades nunca são postos à prova, você nunca aprende as melhores técnicas, e você engana a si mesmo no que diz respeito às suas habilidades e técnicas. Ser um solitário e limitar as suas amizades é como se preparar para Wimbledon jogando tênis com um computador. Garantia total de resultar em fracasso!
Deus declarou no Éden que somos criaturas sociais (Gn 2:18). Uma esposa e crianças proporcionam uma associação valiosa, mas isto não é o suficiente. Raramente uma mulher afia um homem como outro homem de bem pode afiar, pois isto seria tentar afiar ferro com um metal mais fraco.
Davi descreveu o amor de Jônatas como excedendo o das mulheres, apesar de casado à época à mui sábia Abigail (ISm 25:3; IISm 1:26). Jônatas afiou Davi ao fortalecer a mão dele no Senhor com desafio espiritual e promessas de aliança de lealdade e serviço que uma mulher não poderia e nem ofereceria (ISm 23:16).
Jó era o tipo da influência afiadora entre os seus companheiros (Jó 4:3-4). Os irmãos de Roma afiavam até mesmo o grande apóstolo Paulo (At 28:15), pois existe mútuo conforto em irmãos que creem (Rm 1:12; Rm 15:24). Paulo amava a Timóteo por causa disto (IITm 1:3-5). E o nosso Senhor enviou mestres de dois em dois para anunciar a palavra (Lc 10:1; At 13:2).
Jesus Cristo tinha a língua dos entendidos do Seu Pai, e Ele sabia dizer uma palavra em tempo para aqueles que tinham necessidade dela (Is 50:4). Ele poderia e efetivamente afiou a muitos. Os corações de dois ardiam dentro deles quando O tiveram por um curto espaço de tempo (Lc 24:32). Por esta razão o Senhor Jesus Cristo determinou igrejas de santos, onde eles poderiam ajudar, sustentar, exortar, avisar e repreender um ao outro para o benefício de suas almas (ITs 5:14; Hb 3:12-13; 10:23-25).
Devemos levar as cargas uns dos outros e converter uns aos outros de erros (Gl 6:1-2; Tg 5:19-20), que é o objetivo de afiar da igreja. A primeira igreja, sob as influências do Espírito Santo, demonstrou zelo para com a comunhão e a sociedade dos santos (At 2:42-47). Observe o relacionamento dos membros e esteja, você mesmo, convencido a envidar maiores esforços para atingir este fim.
Extraímos duas lições do nosso provérbio. Necessitamos de amigos nobres e piedosos de forma a maximizar o nosso desenvolvimento, e necessitamos ser este tipo de amigo para os outros para atingir o objetivo deles, também. Caro leitor, você tem sido diligente no desempenho do seu papel visando melhorar as vidas dos seus irmãos em Cristo? Você é uma influência afiadora para torná-los mais úteis e produtivos nas suas vidas? Você valoriza e estimula os seus relacionamentos com outros homens de bem para a sua própria perfeição?